Eu escrevo e te conto o que eu vi

Um blog sobre tudo e sobre nada.

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

terça-feira, março 31, 2009

Lagos. Inter-lagos.

SÃO PAULO (pediu? toma!) - Semana forte, a passada. Praticamente morando no autódromo de Interlagos desde a terça-feira para a cobertura da Stock Car. Todo dia almoçando no restaurantezinho da dona Dirce, lá perto de onde ficam os caminhões das equipes. Não aguento mais ver beterraba, frango grelhado e purê de batata na minha frente.
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Se pronunciar "Dirce" perto de mim, acho que tenho um troço.
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Credo.
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Ainda bem que só volto a pisar em Interlagos daqui a um mês.

quinta-feira, março 26, 2009

Ah, de madrugada...

MELBOURNE, digo, SÃO PAULO (a noite é uma criança) - A noite promete. Foi uma longa espera. Ah, que saudade daqueles bobos, mais essenciais rituais de preparação! O pijama novo, bem lavado, o edredon ali dobrado, o copo de guaraná...
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Falavam de ti como falsa, interesseira. Tavam-te por morta, sem essência, sem vida. Inútil. Já ia tarde. Que nada. Sempre de ti gostei, minha cara. Jamais haverei de abandonar-te.
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Ah, como eu esperava! Sorrateiramente me recostarei em seus braços, esticarei as minhas pernas e me acomodarei como há muito não fazia. Vou estender no colo um pano de prato, um prato com três belos pedaços de pizza requentada, iluminar a minha face com a luz da televisão, e mais uma vez, na madrugada...
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Vou ver o início da temporada da Fórmula 1.

sexta-feira, março 13, 2009

Viviane McGyver

SÃO PAULO (Profissão Perigo!) - Não só a qualidade dos dotes culinários de Viviane, a Doce, me surpreenderam desde o momento em que ela me preparou algo para comer. Na última semana, algo mais tem me surpreendido: a habilidade da minha mulher em fazer rangos sensacionais com uma quantidade ínfima de ingredientes.
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O fato de eu andar trabalhando até pouco mais tarde, aliado ao fato dela ir embora do trabalho de ônibus (dois, inclusive), deixam o casal bem acabado e preguiçoso para ir no mercado. Então, a gente sempre acaba adiando as compras para os sábados. Durante a semana, até rola um regiminho forçado...
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Mas Viviane, a Doce, avisou esta semana, quando eu chegava em casa: "Olha, não tem nada, mas eu fiz alguma coisa aqui". O "alguma coisa" dela era um penne com bacon e brócolis ao alho e óleo que eu nunca comi igual na vida. Era pra deixar pra marmita do dia seguinte, mas nem deu...
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Aí, no outro dia, o mesmo discurso. "Peguei o que tinha na geladeira". Realmente, tá quase vazia mesmo. Mas vai ter de aguentar até sábado. Mas, para minha surpresa, havia sobre o fogão arroz, feijão com curry, e carne de panela com as poucas batatas que restaram.
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E estava simplesmente sensacional. Essa mulher faz mágica na cozinha. É como o astro de Profissão Perigo: dê um palito de fósforo, um clips e um Ploc Monster mastigado e terás uma bomba atômica. Com a Viviane, rola um banquete.
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Bendita seja a minha sogra. Criou uma versão culinária do McGyver.

quinta-feira, março 05, 2009

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SÃO PAULO (não venha me espremer, Viviane!) - Depois de duas semanas cultivando uma barba na versão castanho-clara de Chuck Norris, cansei-me e resolvi tirá-la. No que se revelam duas espinhas, parecidas com os piercings pontudos desta foto. Se bobear, do mesmo tamanho.
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Adolescência tardia de merda.

terça-feira, março 03, 2009

Quem NÃO quer ser Chuck Norris?

SÃO PAULO (sorry baby, but I don't give a damn) - Lyoto Machida, lutador de vale-tudo, brasileiro, foi campeão mundial recentemente e foi convidado a participar de um filme. Uma caminho já trilhado por outras estrelas de Hollywood (até mesmo no sentido inverso). Mas aí um trecho da matéria (do UOL, clique no título), me chamou atenção:
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O brasileiro ainda brincou com essa aventura lembrando de outros lutadores-atores que fizeram sucesso no cinema. "Você pode ver os casos, por exemplo, do Chuck Norris ou do Steven Segal. Eles são lutadores de verdade e foram para o campo do cinema, mas eu prefiro realmente ficar no MMA. Mas quem sabe posso virar uma estrela de filmes. Hollywood está aí, né?", disse, entre risos.
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No título da matéria, ele diz que "não quer ser um novo Chuck Norris".
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Pô, peraí. O cara NÃO quer ser Chuck Norris? Cara, TODO MUNDO quer ser Chuck Norris. No mínimo, um Capitão Nascimento. Eu queria ser Chuck Norris. Pena que não sou ruivo, mas estou de barba... Caramba, que heresia!
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Deixa o Chuck Norris saber disso. Deixa.
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Vai tomar um Roundhouse Kick. Na boca.

segunda-feira, março 02, 2009

Capítulo 4: "Ah, Minas Gerais..."

“Lugarzinho bacana esse”, penso comigo enquanto pego a mochila no carro.
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Paro no minúsculo saguão e observo melhor os detalhes da pousada. Decoração rústica, muita madeira, mesa de centro com um grande vaso e cartões de visita, quadros com araras vermelhas.Ninguém vem me ajudar a carregar a mochila, também não preciso, a bagagem é pouca, mas o sono é muito.
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Quarto 35, silêncio. Meu velho Casio marca 23h02. Nunca gostei de relógios de ponteiro e não me incomodo que me chamem de mané por isso.
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Abro a porta, jogo a mochila na poltrona. O quarto não tem nada demais, só uma TV velha, uma cama e um banheiro fuleiro, além de uma vista para um pequeno jardim, daqueles de motel. Nem escovo os dentes, deito na cama com a roupa suja da viagem e durmo. Até 2h da matina.
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Um som alto invade o quarto, gritos, risadas femininas. Apesar do cansaço resolvo espiar já imaginando o que encontraria.Saio e vou ao corredor. O número 36 está em festa. Meu instinto de curiosidade faz com que coloque o ouvido colado a porta, como uma velha coroca e fofoqueira. Duas vozes destoam no vazio.
- Nossa, ele era muito gatinho...
- Não achei tanto assim, o meu era melhor...
- Caras folgados, já queriam cama logo...
- Escuta, abaixa o som ou aquela coroa vai vir nos encher de novo!
- É verdade, a Nanda e o Flá já até dormiram, não sei como conseguem com esse barulho todo!
- Nossa, vou lá fora ver se descolo algo pra gente beber, o frigobar tá vazio.
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Não dá tempo de pensar em correr, o cansaço e o sono me seguram e a porta abre. Caio de bunda no chão.
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- Ai!
- Dani, vem ver! Ou eu tô muito chapada ou tem um cara caído aqui no chão, e pelo jeito tava escutando nossa conversa com o ouvido na porta...
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Penso em reagir, me explicar. Respondo na lata com a maior cara de pau:
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- Boa noite, tudo bem?
- Você é quem me diz!
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Ela é escultural, longos cabelos negros, boca perfeita, olhos vibrantes, blusinha amarela com a inscrição “Naughty” e um shortinho maliciosamente curto que me enche de inúmeros pensamentos nefastos.
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Mantenho a frieza e respondo.
- Tudo bem, é que o som estava me incomodando, daí quando fui bater na porta você abriu, escorreguei no tapete e caí.
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A desculpa colou, ela devia ter uns 22 anos, bronzeada (que perfume!).
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- Desculpa moço (moço?? Não sou assim tão velho, estou no auge dos meus 27!), mas o pessoal tá meio alterado, sabe como é...
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Já em pé eu digo:
- Relaxa, na verdade eu estava mais com vontade de me juntar a vocês do que realmente reclamar do barulho!
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Um sorriso divino ilumina o corredor. O rostinho de boneca me fisgou, agora vou até o fim.
- Meu nome é Patrícia, mas pode me chamar de Paty...
- Prazer, sou o Eduardo, mas pode me chamar de Dú.
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Pois é, esse é meu nome, Eduardo Vilas Mourão. Nome dos tempos do Brasil colônia e que sempre me enchia de vergonha; ou nome de bairro, de rua, como meus amigos costumavam encher na escola. “Olha lá o Vila Mourão”. Lamentável, mas era o único que eu tinha.
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- Tava indo buscar alguma coisa pra gente beber, quer ir?
- Claro (fiquei me perguntando onde àquela hora)!
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Essa turma era realmente de profissionais. Fomos até o carro parado no estacionamento, ela abriu o porta malas e um isopor de praia apareceu. Dentro dele sobras de duas garrafas de vodka e alguns energéticos mergulhados em mais água do que gelo.
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- Acabamos de voltar de uma rave, isso foi o esquenta
- Muito bom, foram armados...
- É, quer um gole?
- Certamente...
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Fomos revezando a garrafa no bico, e ficamos por ali mesmo, encostados no carro, olhando as estrelas. Descobri que eram estudantes de geologia de Minas Gerais, e vieram pesquisar o "não sei o que das pedras da chapada". Descobri também que ela tinha 20 e não 22 e que quando ficava chapada de verdade costumava encostar em quem estava conversando com ela, assim, do nada. Claro que aproveitei. Também já estava meio alegre, a vodka subindo rápido...o energético ficou intocado, a menina era durona. Gosto de meninas duronas.
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De repente um flash, vejo a gente abrindo a porta do quarto, outro flash, sono, cansaço, tudo aquilo que deixei...perdido.
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O Casio berra às 9h30. “Maldito relógio”. Abro os olhos devagar, não lembro muito bem onde estou, quem sou ou o que fiz. Mas sinto algo, um braço. Do meu lado, dormindo o sono dos justos adoradores de Baco, Paty, 20 anos, estudante de geologia de Minas Gerais...