Acerca do decote (ou dentro dele)
AMERICANA (eu comemoro quando acaba a luz) - Perguntaram-me uma vez: qual é a primeira parte que você olha em uma mulher? Quem diz cabelo, o olhar, as mãos, o rosto, é hipócrita. Mentiroso deslavado. Levem-no à forca, ao pelotão de fuzilamento. São dois os lugares primordiais do destino dos olhos de um homo sapiens (ou erectus), do espécime macho: 1-) a bunda; 2-) o decote.
Sim, o decote. A bunda é a preferência nacional. Mas eu prefiro um decote. Não precisa ser peituda, mas também não pode não ter nada. Decote é poder. Mede-se muito da atitude de uma mulher, seu poder, pelo seu decote. Diga-me o tamanho do teu decote, e eu te direi quem és, criatura.
Um ímã para os olhos masculinos. Mas não pode encarar. É muito descaramento. Tem gente que não conversa com a mulher, conversa com o decote. Isso é feio, uma situação constrangedora para ambos. Se a mulher bota a mão na frente do decote, é porque você, seu descarado, não tira os olhos dos peitos da donna. Calma aí, cara pálida, controle-se.
Tem mulher que deixa um decotão escandaloso. Eles variam com o tamanho dos seios. Tem os empinados, os comportados, os espalhafatosos, os santos... Gosto mais dos comportados, com um quê de promiscuidade. É a medida ideal, independente do tamanho dos, digamos, peitos.
Enfim, como decote também é cultura, segue abaixo um histórico deste artifício tão embelezador. Material da revista TPM, que li hoje à noite. Decote, repito, é cultura, mas que às vezes dá vontade de meter o dedão ali no meio... Ah, isso dá. Há que se conter.
Por Ariane Abdallah e Debora Rocha
Nem sempre a conotação do decote foi a que entendemos hoje. O primeiro da história surgiu em Creta, antiga Grécia. Totalmente funcional, deixava os seios à mostra para facilitar a amamentação. Ao longo dos séculos, foi e voltou em diferentes formas, refletindo contextos socioeconômicos mundiais. Entenda a trajetória e as influências do polêmico recorte nos últimos cem anos.
Década de 10 Na belle époque as mulheres freqüentam, além de teatros e óperas, cinematógrafos, e a moda se inspira nas estrelas hollywoodianas. O decote, usado apenas à noite, se acentua e sensualiza. Há um surto de sífilis no Brasil e mulheres contaminadas preferem a gola para esconder as marcas na pele, um dos sintomas da doença.
Década de 20 Com os homens na guerra até o fim da década anterior, a mulher ingressa no mercado de trabalho e assume essa independência. Sem conotação erótica e por influência do movimento art déco, a maioria dos decotes é quadrada. As roupas em geral não valorizam as curvas femininas (achatam os seios, por exemplo).
Década de 30 Com a crise mundial causada pela queda da Bolsa de Valores de Nova York, não ocorrem mudanças drásticas na moda. Mas há a negação do que estava em vigência, o decote passa para as costas e a mulher volta a valorizar suas formas.
Década de 40 Iniciada a Segunda Guerra Mundial, o decote praticamente inexiste. As roupas seguem linha militar, são sérias e masculinas.
Década de 50 Com o fim da guerra, o “new look”, lançado por Christian Dior em 47, inspira a feminilidade e entra na moda o decote romântico nos formatos princesa, arredondado, V, e, principalmente, tomara-que-caia.
Década de 60 Essa foi a década da emancipação jovem e da negação do envelhecimento, representada pelo rock’n’roll e por movimentos de contracultura. É a vez do vestido tubinho e do decote quadrado e redondo.
Década de 70 A moda reflete o movimento hippie e a liberação sexual. Os decotes migram novamente para as costas e surge a frente única.
Década de 80 A mulher começa a competir com o homem no mercado de trabalho. O decote acentuado em V aparece nos paletós de tailleur.Décadas de 90 e 00 Decotes de todos os tipos (V, redondos, quadrados, tomara-que-caia, frente única etc.) refletem a sociedade permissiva em que vivemos, que prega direitos iguais entre homens e mulheres. Valoriza-se a customização e a releitura de modas passadas. A novidade é a tecnologia têxtil.
Fonte: João Braga, professor de história da moda da FAAP
Sim, o decote. A bunda é a preferência nacional. Mas eu prefiro um decote. Não precisa ser peituda, mas também não pode não ter nada. Decote é poder. Mede-se muito da atitude de uma mulher, seu poder, pelo seu decote. Diga-me o tamanho do teu decote, e eu te direi quem és, criatura.
Um ímã para os olhos masculinos. Mas não pode encarar. É muito descaramento. Tem gente que não conversa com a mulher, conversa com o decote. Isso é feio, uma situação constrangedora para ambos. Se a mulher bota a mão na frente do decote, é porque você, seu descarado, não tira os olhos dos peitos da donna. Calma aí, cara pálida, controle-se.
Tem mulher que deixa um decotão escandaloso. Eles variam com o tamanho dos seios. Tem os empinados, os comportados, os espalhafatosos, os santos... Gosto mais dos comportados, com um quê de promiscuidade. É a medida ideal, independente do tamanho dos, digamos, peitos.
Enfim, como decote também é cultura, segue abaixo um histórico deste artifício tão embelezador. Material da revista TPM, que li hoje à noite. Decote, repito, é cultura, mas que às vezes dá vontade de meter o dedão ali no meio... Ah, isso dá. Há que se conter.
Por Ariane Abdallah e Debora Rocha
Nem sempre a conotação do decote foi a que entendemos hoje. O primeiro da história surgiu em Creta, antiga Grécia. Totalmente funcional, deixava os seios à mostra para facilitar a amamentação. Ao longo dos séculos, foi e voltou em diferentes formas, refletindo contextos socioeconômicos mundiais. Entenda a trajetória e as influências do polêmico recorte nos últimos cem anos.
Década de 10 Na belle époque as mulheres freqüentam, além de teatros e óperas, cinematógrafos, e a moda se inspira nas estrelas hollywoodianas. O decote, usado apenas à noite, se acentua e sensualiza. Há um surto de sífilis no Brasil e mulheres contaminadas preferem a gola para esconder as marcas na pele, um dos sintomas da doença.
Década de 20 Com os homens na guerra até o fim da década anterior, a mulher ingressa no mercado de trabalho e assume essa independência. Sem conotação erótica e por influência do movimento art déco, a maioria dos decotes é quadrada. As roupas em geral não valorizam as curvas femininas (achatam os seios, por exemplo).
Década de 30 Com a crise mundial causada pela queda da Bolsa de Valores de Nova York, não ocorrem mudanças drásticas na moda. Mas há a negação do que estava em vigência, o decote passa para as costas e a mulher volta a valorizar suas formas.
Década de 40 Iniciada a Segunda Guerra Mundial, o decote praticamente inexiste. As roupas seguem linha militar, são sérias e masculinas.
Década de 50 Com o fim da guerra, o “new look”, lançado por Christian Dior em 47, inspira a feminilidade e entra na moda o decote romântico nos formatos princesa, arredondado, V, e, principalmente, tomara-que-caia.
Década de 60 Essa foi a década da emancipação jovem e da negação do envelhecimento, representada pelo rock’n’roll e por movimentos de contracultura. É a vez do vestido tubinho e do decote quadrado e redondo.
Década de 70 A moda reflete o movimento hippie e a liberação sexual. Os decotes migram novamente para as costas e surge a frente única.
Década de 80 A mulher começa a competir com o homem no mercado de trabalho. O decote acentuado em V aparece nos paletós de tailleur.Décadas de 90 e 00 Decotes de todos os tipos (V, redondos, quadrados, tomara-que-caia, frente única etc.) refletem a sociedade permissiva em que vivemos, que prega direitos iguais entre homens e mulheres. Valoriza-se a customização e a releitura de modas passadas. A novidade é a tecnologia têxtil.
Fonte: João Braga, professor de história da moda da FAAP
1 Comentários:
É, eu concordo! O cara não pode conversar com o decote! Tudo bem, tudo bem, se a gente coloca é pq queremos que olhem, mas tb não dá pra ficar feito um tarado olhando descaradamente como se nunca tivesse visto! rsrsrs! Tem que ter jeito, ser discreto, dar uma disfarçada... :) Nunca faça isso! ahahaha! Estará perdendo pontos com a ala feminina! ;)
Beijos!
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