Ok, eu confesso
AMERICANA (revelação bombástica, nunca ninguém soube disso) - Quando bem pequeno, eu fui corintiano. Culpa do meu avô, 'seo' Antônio Benedito Miani, chamado pela netaiada (os quatro, só), de 'vô Tony'. Criança tem dessas coisas, e como ele morava longe, eu só o via umas três ou quatro vezes no ano. Por isso, era (e ainda é) o 'avô preferido'. E ele é corintiano doente. Eu sou o segundo neto e ele percebeu que não conseguira cativar meu irmão (coisa que o outro avô, 'seo' Américo, santista xiita, conseguiu), caiu de pau no caçula aqui.
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Então, se me perguntavam, eu respondia, no alto da sabedoria de quem tem cinco anos de idade: "cuíntiano". Só que eu não ligava a mínima pra futebol, didn´t give a shit. Os anos se passaram, e um belo dia um primo do meu pai, Marcos, o único sãopaulino da família inteira (contando os lados materno e paterno), começou a encher os picuás meus e de meu primo Adriano que, embora fosse muito bom de bola, não ligava pra time nenhum. Eu não tinha motivos pra gostar de futebol: era e sou ruim demais com a redonda no pé, e em qualquer outro esporte coletivo.
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Só que Marquinhos fez algo no qual meu avô falhou: me levou para um jogo. Pimba. Era o distante ano de 1992. Eu tinha 10 para 11 anos. Gostei daquele uniforme limpo, com duas tarjas paralelas, uma vermelha, outra preta. Um tal de Raí, e um goleiro que jogava de calças. O símbolo era bem mais fácil de desenhar do que o do Corinthians ou do Palmeiras. Até o do Santos. Aí os caras ganham a Libertadores em cima de um time argentino.
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Em dezembro, fiquei acordado para ver os caras baterem o melhor time do mundo, o Barcelona, que tinha Stoitchkov (nem sei como escreve isso), Laudrup e outras estrelas. Aí matou. Sou sãopaulino desde então. Nada fanático. Consciente. Nem vi o jogo de ontem contra o Boca. Estava fazendo algo melhor. Tanto que meus colegas de trabalho nem tiram mais sarro. Porque se tiram, eu dou risada junto.
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Tempos depois eu tive o prazer de conhecer e entrevistar duas personalidades que estiveram naquele time: o goleiro Zetti (que me inspriou a ser goleiro quando joguei) e o volante Pintado, volante daquele timaço e que neste ano foi técnico do Rio Branco. Tenho até o número de celular dele. Gente finíssima, que quando contei como passei a gostar de futebol, me respondeu: "Então você deve ter uns 25 anos. Todo mundo na sua idade tinha uns 10 quando a gente ganhava tudo. E te digo: o que a gente fazia não era futebol; era muito além disso".
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Grande Marquinhos, grande Pintado.
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Fanático nunca fui, nunca vou ser. E as fotos de criança com a camisa do Corinthians nunca vão ser apagadas, estão guardadas. Até porque hoje eu sei que escolhi sim, o Corinthians. Para detestar.
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Desculpe, vô, mas estas coisas são mais fortes que a gente.
4 Comentários:
êeee! adorei a historia... ate pq e mais um vira-casaca "curintia-sp" que conheço. se vc fosse pouquinho mais velho, e do interior do rio teria virado flamengo! HAHA... ai, sim, ia ser fanatico. bjks
GRANDE!
SAIU DE UMA BOSTA E ENTROU EM OUTRA...DE GAMBÁ PRA BAMBI...AUAHUAHAUHAUA
Abs, viadinho
Há aqui um dado curioso, ao qual eu já tinha me dado conta estatisticamente, mas esqueci de mencionar no texto principal: todo mundo que, uma vez na vida virou a casaca, era corintiano antes de trocar para times melhores.
creco.....vc foi corinthiano....ahahahahahaha....como vc guardou este segredo por tantos anos?
Isso prova que um dia vc soube torcer por um verdadeiro timão!!!
beijocas
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