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Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

segunda-feira, março 02, 2009

Capítulo 4: "Ah, Minas Gerais..."

“Lugarzinho bacana esse”, penso comigo enquanto pego a mochila no carro.
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Paro no minúsculo saguão e observo melhor os detalhes da pousada. Decoração rústica, muita madeira, mesa de centro com um grande vaso e cartões de visita, quadros com araras vermelhas.Ninguém vem me ajudar a carregar a mochila, também não preciso, a bagagem é pouca, mas o sono é muito.
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Quarto 35, silêncio. Meu velho Casio marca 23h02. Nunca gostei de relógios de ponteiro e não me incomodo que me chamem de mané por isso.
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Abro a porta, jogo a mochila na poltrona. O quarto não tem nada demais, só uma TV velha, uma cama e um banheiro fuleiro, além de uma vista para um pequeno jardim, daqueles de motel. Nem escovo os dentes, deito na cama com a roupa suja da viagem e durmo. Até 2h da matina.
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Um som alto invade o quarto, gritos, risadas femininas. Apesar do cansaço resolvo espiar já imaginando o que encontraria.Saio e vou ao corredor. O número 36 está em festa. Meu instinto de curiosidade faz com que coloque o ouvido colado a porta, como uma velha coroca e fofoqueira. Duas vozes destoam no vazio.
- Nossa, ele era muito gatinho...
- Não achei tanto assim, o meu era melhor...
- Caras folgados, já queriam cama logo...
- Escuta, abaixa o som ou aquela coroa vai vir nos encher de novo!
- É verdade, a Nanda e o Flá já até dormiram, não sei como conseguem com esse barulho todo!
- Nossa, vou lá fora ver se descolo algo pra gente beber, o frigobar tá vazio.
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Não dá tempo de pensar em correr, o cansaço e o sono me seguram e a porta abre. Caio de bunda no chão.
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- Ai!
- Dani, vem ver! Ou eu tô muito chapada ou tem um cara caído aqui no chão, e pelo jeito tava escutando nossa conversa com o ouvido na porta...
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Penso em reagir, me explicar. Respondo na lata com a maior cara de pau:
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- Boa noite, tudo bem?
- Você é quem me diz!
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Ela é escultural, longos cabelos negros, boca perfeita, olhos vibrantes, blusinha amarela com a inscrição “Naughty” e um shortinho maliciosamente curto que me enche de inúmeros pensamentos nefastos.
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Mantenho a frieza e respondo.
- Tudo bem, é que o som estava me incomodando, daí quando fui bater na porta você abriu, escorreguei no tapete e caí.
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A desculpa colou, ela devia ter uns 22 anos, bronzeada (que perfume!).
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- Desculpa moço (moço?? Não sou assim tão velho, estou no auge dos meus 27!), mas o pessoal tá meio alterado, sabe como é...
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Já em pé eu digo:
- Relaxa, na verdade eu estava mais com vontade de me juntar a vocês do que realmente reclamar do barulho!
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Um sorriso divino ilumina o corredor. O rostinho de boneca me fisgou, agora vou até o fim.
- Meu nome é Patrícia, mas pode me chamar de Paty...
- Prazer, sou o Eduardo, mas pode me chamar de Dú.
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Pois é, esse é meu nome, Eduardo Vilas Mourão. Nome dos tempos do Brasil colônia e que sempre me enchia de vergonha; ou nome de bairro, de rua, como meus amigos costumavam encher na escola. “Olha lá o Vila Mourão”. Lamentável, mas era o único que eu tinha.
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- Tava indo buscar alguma coisa pra gente beber, quer ir?
- Claro (fiquei me perguntando onde àquela hora)!
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Essa turma era realmente de profissionais. Fomos até o carro parado no estacionamento, ela abriu o porta malas e um isopor de praia apareceu. Dentro dele sobras de duas garrafas de vodka e alguns energéticos mergulhados em mais água do que gelo.
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- Acabamos de voltar de uma rave, isso foi o esquenta
- Muito bom, foram armados...
- É, quer um gole?
- Certamente...
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Fomos revezando a garrafa no bico, e ficamos por ali mesmo, encostados no carro, olhando as estrelas. Descobri que eram estudantes de geologia de Minas Gerais, e vieram pesquisar o "não sei o que das pedras da chapada". Descobri também que ela tinha 20 e não 22 e que quando ficava chapada de verdade costumava encostar em quem estava conversando com ela, assim, do nada. Claro que aproveitei. Também já estava meio alegre, a vodka subindo rápido...o energético ficou intocado, a menina era durona. Gosto de meninas duronas.
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De repente um flash, vejo a gente abrindo a porta do quarto, outro flash, sono, cansaço, tudo aquilo que deixei...perdido.
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O Casio berra às 9h30. “Maldito relógio”. Abro os olhos devagar, não lembro muito bem onde estou, quem sou ou o que fiz. Mas sinto algo, um braço. Do meu lado, dormindo o sono dos justos adoradores de Baco, Paty, 20 anos, estudante de geologia de Minas Gerais...

2 Comentários:

Blogger Diegovj disse...

gosto de meninas duronas...auahuaha, sensacional

abs!

4:29 PM  
Blogger Talita disse...

“Naughty”???????? Pelo amor de Deus hein meninos...aliás, tirem Deus disso..rs..
Beijos

9:16 PM  

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