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Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

quinta-feira, junho 01, 2006

Ah, as ruivas...

AMERICANA (e quem não tem taras?) - O blog de Fabrício Carpinejar nos presenteia com mais um grande texto. O que realça ainda mais a atração que eu tenho pelas mulheres com cabelos avermelhados. É. Poucos sabem, mas é das ruivas que eu gosto mais. Alguém aí lembra da Grampola, da novela? Então, sem mais delongas, abaixo, o texto do cara.
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Eu tenho uma inclinação por sardas e cabelos ruivos. Mulheres com sardas costumam não gostar, é curioso.
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Quando criança, uma amiga colava fita crepe no rosto e puxava acreditando que as sardas sairiam junto. Ela não respeitava as sardas, confundia com espinhas. Ficava furiosa com Deus, que pintou seu corpo sem permissão. Coloriu seus braços enquanto dormia no ventre. Abominava a idéia de ser diferente, tantos sinais de nascença como o número de estrelas. Sofria com brincadeiras alusivas à ferrugem.
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Tanto que não usava dedos ou palitos de fósforo para aprender a contar na escola, mas as sardas. Enchia a tez de cremes da mãe para sarar daquilo que era uma virtude. Agredia as pintas como uma catapora, uma doença, uma tristeza de guitarra. Encabulada com os apelidos que poderia receber. Se um menino a observava com admiração, já tomava como crítica e virava o pescoço para não se machucar. Fugia de si, como se o véu fosse a própria face. Era uma muçulmana de sua timidez.
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Enquanto ela queria tirar as sardas, desejava tê-las. A pele enxerga melhor com sardas. São os óculos naturais da pele. Fogo que levemente doura. Brasa singela que acomete as árvores e o crepúsculo no outono. Pão casado com a madeira.
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As sardas são uma procissão da boca. Não retiram beleza, mas acentuam. Fazem qualquer rosto voar como os cabelos, subir como um vestido. Não deixam nenhum rosto brincar sozinho. São marcas de lábios das folhas. Uma chuva de folhas. O cheiro de alfazema das folhas.
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O ouvido torna-se mais próximo das sobrancelhas, mais próximo do nariz, mais próximo do queixo. É possível acompanhar toda a vizinhança dos telhados. As sardas são balas de goma, o açúcar das balas de goma. Elas fazem o corpo rir mesmo quando está indisposto. Uma mulher com sardas tem jeito de praça na lomba. Eu só subia a lomba da rua porque tinha uma praça no meio do caminho para brincar e recuperar o fôlego. A praça sempre foi a véspera de minha casa. As sardas são a véspera do sol.
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Um rosto com sardas, pode reparar, é bem iluminado. Não pela luz que entra, pela luz que já estava lá.
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Né não?

3 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Sardas são como estrelas que pintam o céu. Adoro céus estrelados.

9:06 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Muito legal o texto!! E eu não sabia que tu cutia mesmo as ruivas! =)
Ah, e eu lembro da Grampola! hahaha! Acho que as sardinhas tem seu charme!!
Beijoss!

11:49 AM  
Anonymous Anônimo disse...

Que bom saber tudo isso sobre o fascínio que as sardas causam nos homens...hahahaha.....porque as mulheres que tem as famosas sardas, ai que desespero. Já passei muita raiva com minhas sardas, pra falar a verdade, só me conformei tê-las quando aos 9 anos vi uma foto da Xuxa, que mostrava que ela tinha mais sardas do que eu (naquela época...pq hj pareço uma onça pintada)....hahahah

Ahhhh...sem contar que minha professora de ballet sempre falava que eu tinha tomado sol de peneirinha....chorei muito por causa disso. Hoje sou conformada e feliz com minhas sardas!!!

beijo

9:05 AM  

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