SÃO FÉLIX DO TOCANTINS-TO (pintaram o diabo feio demais) - Mesmo não tendo tempo de postar nada após o quinto dia, vou continuar com a série como se nada tivesse acontecido. O quinto dia, para mim, não terminou. Tive que ir ao aeroporto para resolver todo o problema da mala. Ninguém da TAM sabia como ela havia chegado, nem ninguém da Pousada do Rio Quente - que havia mandado a dita cuja. Já passava da meia-noite quando, quase desistindo, perguntei ao funcionário da aérea: "não veio de TAM Cargo?".
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Tava lá.
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Voltei para o hotel (era longe pacas), jantei e fui para o meu quarto já era mais de uma da manhã. Hotel ótimo. Depois de um belo banho, não há nada como vestir a sua própria cueca depois de cinco dias. Mas já era mais de duas horas da manhã, e sairíamos às 4h para o Jalapão. Liguei o computador e optei por passar direto. Arrumei as malas, desci, tomei um cafezinho e lá fomos nós ver o dia amanhecer na estrada.
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Saímos em comboio. Dimas, nosso motorista, calculou errado uma referência e quase arrumou briga dizendo que o líder estava errado. No fim, voltamos atrás, fui navegando pela planilha e encontramos o resto da turma coisa de 40 quilômetros à frente. Uma rápida abastecida, porque dali em diante seriam 275 km em cinco horas e meia de viagem por estrada de terra.
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Menos da metade da caravana do rali passou por São Félix do Tocantins por se tratar de uma etapa maratona, em que os competidores não poderiam receber nenhum tipo de auxílio externo. Então não havia necessidade - e nem estrutura - para que as equipes se deslocassem até lá.
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O posto de gasolina logo na entrada tinha um mercadinho e um restaurante de chão de terra. E tinha um local, logo atrás, usado como pista de pouso para os aviões que faziam o monitoramento dos trechos. A cidade tem 1,2 mil habitantes e fica longe de tudo, perto da divisa do Tocantins com o Maranhão. Chegamos cedo, e como nas etapas anteriores eu não poderia entrevistar os pilotos na chegada porque isso poderia se caracterizar como auxílio externo, e na certa rolaria alguma punição.
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Sem nada a fazer, fomos ver o que a cidade oferecia. Primeiro, o Fervedouro, pequena lagoa, próxima do rio (que não lembro o nome), de água azul clara e forrada de areia por baixo. O curioso é que você não consegue alcançar o fundo - e não pela profundidade, é que alguma coisa no chão se encarrega de ficar jogando seu corpo para cima. Sem fazer nada, você fica flutuando de pé na água. Sensacional.
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Depois fomos para a Cachoeira das Formigas, a uns 40 quilômetros do local de reabastecimento. Sempre por trilhas de terra. Lugar lindo. Pequeno e simples, mas com uma bela cachoeira, água cristalina e convidando para um rápido mergulho. Perdi minha pulseira de fibra de carbono lá, mas foi o de menos. Para quem não ia tomar banho à noite, a cachoeira veio em ótima hora.
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Em São Félix não há hotel. "O Sheraton está lotado", brincávamos. A solução é alugar camas nas casas dos moradores. Mas à tarde descobrimos que teríamos barracas na quadra municipal. Depois do trabalho, do jantar, e da correria, um "banho" de lenço humedecido e cama (inflável!).
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Mas o Rally dos Sertões me ensinou: entrar no Jalapão é fácil. Difícil é sair.