Dóceis feito búfalos

AMERICANA (se eles querem meu corpo, só se eu estiver morto) - Tem gente que tem saúde, tem família perfeita, tem dinheiro, tem uma vida ótima, e não sabe desfrutar. Tem gente que pensa que poder é tudo, que ter é tudo, que camadas inferiores devem ser tratadas no chinelo. Tem gente que não gosta de bom dia, por favor, obrigado, bom trabalho.

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Tem gente que pensa tratar com animais, não com pessoas. Tem gente sem o que fazer, e se preocupa com o que os outros fazem, como fazem, e insistem em te apontar o dedo, como se fossem castos, perfeitos, non pecati, e acreditam estarem fazendo uma justiça enorme, quando reclamando, reclamando e reclamando, só expõe ao mundo a sua total incapacidade de reverter o quadro com a força dos próprios braços, ou fazer seu próprio trabalho sem querer derrubar ninguém. Honestidade, só.

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Tem gente que não olha em volta. Que aparece em eventos da sociedade hype, bebem, sorriem, dão beijinhos, viram as costas a açoitar os outros com gente como eles. Aí a palavra foge da boca, o ato foge das mãos, a mágoa vem como aquele amargor dentro dos pulmões, mas é apenas um mal-estar que se vai com a velocidade do vento. O que você faz com esse tipo de gente?

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Ignora. Dá de ombros e vai embora, curtindo a viagem ouvindo boa música e colocando na balança tudo de bom na sua vida. E como aproveitá-la melhor.

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Pessoas ruins nos ensinam a ser ainda melhores.

O Gato Maldito

LONDRINA (PR) (puta frio!) - Cliquem no título deste post e vejam por que eu não gosto de gatos.

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O bichano mora num asilo e, segundo relatos, ele pressente a morte dos idosos, visitando-os. Quatro horas depois, normalmente, o(a) visitado(a) simplesmente bate as botas.

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E eu morro de alergia.

Creco pauleira

LONDRINA (PR) (they tried to make me go to rehab, I said no no no) - Primeiro dia de trabalho pra valer. Conheci "meus" pilotos. Dois velhos conhecidos - um pessoalmente, o outro já correu na F-1, então é conhecido - e me trataram muito bem. Vai ser legal trabalhar com essa turma.

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Um belo café da manhã no hotel - em que quase acabei com a bandeja de ovos mexidos - e fui pro Autódromo, em um dia cheio de eventos extra-pista e nada de motor roncando. Jogo amistoso entre pilotos no Estádio do Café, texto aqui, foto ali, convida daqui, liga dali, ajeita isso, ajeita aquilo.

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Resumo: almocei às 19h30...

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Voltei pro hotel às 22h...

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Agora, no quarto do hotel, estou preparando a coletiva da sexta-feira...

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Amo muito tudo isso.

Busy Creco

LONDRINA (PR) (dirigir é terapêutico e afrodisíaco) - Este pobre, magro, feliz e mequetrefe escriba arrumou um bico, que pode virar fixo - e muito bem fixo. Por isso, escrevo de Londrina, no Paraná, terra do café e dos japas (nem na Liberdade tem tanto), onde venho cobrir a Stock Car. Queriam reservar a minha passagem, mas nem a pau, Juvenal. Vim de carro, 560 quilômetros, cinco horas e meia de estrada.

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Dirigir é um tesão.

Pijama all day long

SÃO PAULO (ouro de tolo) - Chove desde a madrugada. São 18h40. E ainda estou de pijama. O lado bom é ficar de pijama, fazer o próprio almoço, fuçar na internet e jogar videogame o dia todo. O lado ruim é não saber até quando a mamata vai durar...

Creco atarefado e de saco cheio

SANTA BÁRBARA (Houston, we've got a problem) - De saco cheio do frio, da chuva e da fumaça (passei no local do acidente 20 minutos antes), resolvi voltar pra Americana. Aniversário do meu irmão, vim comer churrasco, descansar ao lado de Viviane, a Doce, e entreter minha sobrinha Carol, a Espoleta.

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Mas o desemprego não nos garante momentos de dolce far niente: ligar na Net, ligar na Vivax, ligar na Tim, depositar a grana do cara que está desenhando o convite do casamento, pagar o aluguel, entre outras cositas, fazem parte da minha rotina diária. Fora os contatos na busca de trampo.

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Bom, pelo menos não faço merda.

(Non) Dolce Far Niente

SÃO PAULO (chupa Argentina, chupa) - Estar desempregado tem poucas vantagens. Uma delas é a de conseguir um tempo para organizar a sua vida. Agora vou me dedicar a extrair meus dois dentes do ciso, localizados na parte posterior da boca. São os heróis da resistência, já que os de baixo eu tirei quando ainda estava na faculdade.

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De resto, sinto-me um vagabundo por jogar Playstation em casa em plena luz do dia.

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Haja coração, amigo.

Creco unemployed

SÃO PAULO (a violência é tão fascinante e nossas vidas são tão normais) - Uma leve ausência deste pobre, magro, mequetrefe e agora desempregado escriba. Nada de interessante, só a correria atrás de algo novo e mais voltado para a minha área, para o que eu me preparei a vida inteira para fazer.

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Cruzem os dedos.

Souh Park me!

Olho Gordo Megapower 2.0 Plus

SÃO PAULO (16km em meia hora. New record!) - Hora do almoço. Segunda-feira, tradicionalmente, almoço em um restaurante das cercanias, a duas quadras de onde trabalho. De segunda-feira, há uma pizza quadrada excepcional. Pois lá fui eu nesta segunda gélida paulistana.

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Saco meu prato, e vou pegando salada. No buffet de pratos quentes, vejo a travessa da famosa e desejada pizza. Só restavam dois pedaços. Havia três mulheres à minha frente. "Logo trazem mais", pensei. E nada.

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A primeira mulher passou reto, não pegou nenhum pedaço. "Ufa". A segunda passou reto também. "Uh, beleza". A terceira chegou, pegou a espátula e capturou, de uma vez só, os dois pedaços. "Shit!".

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Aí meu Olho Gordo Megapower 2.0 Plus entrou em ação. Inexplicavelmente, a mulher olhou para o lado, com a espátula na mão, levando a pizza ao prato, quando... Os dois pedaços iniciaram um movimento de rodopio lateral - como um mergulhador olímpico - e estatelaram-se ao chão.

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Eu sou Mister Murphy.