Eu escrevo e te conto o que eu vi

Um blog sobre tudo e sobre nada.

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Claudião Cinqüentão

SÃO PAULO (ode ao meu velho) - Hoje é aniversário do meu pai. Grande Claudião, agora com 50 anos. Meio século de vida! Novinho da silva. Tem gente da minha idade que tem o pai com 60, 70. O meu acaba de fazer 50. Tá enxuto, enxuto. Tirando o barrigão, claro. E o fato de já ser avô. Meu pai é foda. Tem o cabelo um pouco grisalho, penteado pro lado. Charmoso, o homem. Não é puxação de saco, mas toda vez que vejo o Antônio Fagundes, lembro do meu pai.
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Responsável pelo meu nascimento. Dia 5 de novembro do ano da graça de 1981. Meu pai tinha uma Kombi, uma mercearia e um filho de 4 anos. Foi levar minha mãe, grávida, pra fazer exames no hospital. A médica falou que ainda dava pra esperar mais uns dias. Quatro, no máximo. No caminho de volta, os dois (três) de Kombi. Meu pai passa com tudo por uma lombada. Minha mãe praticamente mete a cabeça no teto. Não deu outra. De noite, teve que voltar pro hospital. Nasci na madrugada do dia 6.
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Fui saber disso esses dias.
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Enfim, sua cara fechada é só fachada. Bonachão, brincalhão, ótimo humor, um coração enorme. Dá cada esporro que te derruba, mas você sabe que é pro seu bem. E já levei cada puxão de orelha... Mas isso me fez uma pessoa bem melhor. Levei um esporro dele ontem, inclusive.
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Acho que minha personalidade foi moldada por ele. Grande parte dela. E um pouquinho pela minha mãe. Não tenho ídolos, nunca tive. Tenho admiração por muitos, mas nada que me influencie. Você pega o que há de bom nas pessoas e tenta aplicar isso na sua vida. Você aprende com quem você admira. Ayrton Senna, por exemplo.
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Sempre que tenho problemas com alguma coisa que não anda, penso no exemplo que ele deu. Se tem alguma coisa emperrada, lembro do GP do Brasil de 1991, que o cara ganhou só com a 6.a marcha. Era foda o cidadão. Puta piloto. "Brasileiro só aceita título se for de campeão. E eu sou brasileiro", era uma das frases dele.
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Voltemos a papai, ora pois. Admiro meu pai por causa disso. É meu heroí sim, sem dúvida. Trampou na roça, veio pra Americana do nada, com uma malinha feia de couro (tenho ela até hoje e uso, confere um visual retrô) com algumas roupas costuradas pela minha avó e veio pra estudar. Não deu. Então foi trabalhar. Foi, foi, foi e hoje tem o que tem. Não que seja muito, mas o suficiente pra criar dois filhos muito bem. Eu fiz até faculdade!
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O que mais trago comigo é essa determinação, a vontade de enfiar a cara, se arriscar. De sair pra vencer. Ele mesmo fala pra minha mãe, quando precisei me mudar para trabalhar. "Se eu não tivesse saído, a gente estaria na mesma merda". Não tenho a habilidade dele pra vender... Se eu precisar vender pra viver, eu tô na roça...
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Mas a paixão pelo trabalho, pela função que exerce. Aprendi a trabalhar duro se quiser alguma coisa. Tem que ralar. E ter duas coisinhas que são os segredos primordiais da vitória: honestidade e humildade. Sorte é o casamento da competência com a oportunidade.
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Meu pai é um desses. Seo Cláudio é foda.
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Pago mó pau pro meu pai.

Fim de semana


Eu não quero mais nada.
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E tenho dito.

sexta-feira, janeiro 12, 2007

A Bruxa do 1500


SÃO PAULO (yo no creo en brujas) - Já disse que nas redondezas de onde trabalho só tem louco. Essa semana descobri coisa pior. Tem uma bruxa. A Bruxa do 1500. A casa é um sobrado antigo e com várias plantas no portão, umas manchas verdes de lodo na calçada, o que por si só já confere um ar sinistro ao imóvel.
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A casa tem uma garagem. Mas não tem carro. Outro dia chegava eu ao trabalho e vi um carro parado em frente à garagem da casa. O motorista esperava alguém. Eis que surge a mulher. Magra, cabelos curtos e loiros, com um par de óculos escuros que remete a 1973 (aqueles enooooormes!) e um vestido verde feito de... CROCHÊ!
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Ou seja? O negócio era praticamente transparente. Tive náusea. Ela saiu pra falar, aos berros, que não podia colocar a caranga em frente à garagem. Sendo que ninguém na casa tem um! Mulher louca!, pensei. Enfim, cada um com seus problemas.
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No entanto, minhas conclusões em torno da bruxaria começaram a se formar há dois dias. Chegava eu ao trabalho e senti um forte odor de cocô de gato. Sim, ela tem gatos em casa. TODOS PRETOS, sem preconceito. Mas convenhamos: gato preto é um treco meio sinistro, né não? E outra: merda de gato é a que mais fede em todo o universo.
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Pior do que isso é o fato de, de hora em hora (assim como o resultado da Tele-Sena), ela vai até o portão com seus trajes pouco ortodoxos para jogar comida aos pombos! Por mil aves doentes, Batman! Ela dá comida pra pombo! Porra, pombo dá doença, pombas!
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Pois é. Bruxas. Que elas existem, existem.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

The Big Pum

Deu na Folha Online:
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Autoridades americanas investigam nesta segunda-feira um misterioso odor de gás que se espalhou por grande parte de Manhattan, forçando o esvaziamento de vários edifícios e a suspensão de parte dos serviços de trem.
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Não fui eu. Juro.

terça-feira, janeiro 02, 2007

Ela.

BROTAS (lei, un giorno che ricorderai, la più bella donna) - Todo mundo um dia acha o seu. Eu achei a minha. Um doce, uma doçura. Felizmente, todos nos defrontamos um dia com algo que é essencial, imprescindível para nós. Tudo se abre, tudo é tomado por uma claridade estupenda e encantadora. A recompensa por tantas cicatrizes, por tantas cabeçadas na parede, por tantos cortes, tantas lágrimas. O rumo que foi encontrado assim, sem explicação.
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Você simplesmente acha.
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É quando não resta dúvida nenhuma, exceto sobre o que fizemos até ali. O ultimato, um momento definitivo, do qual não há escapatória, adiamento; existe um muro que não pode ser sobreposto; não tem camuflagem, protesto, esconderijo, reversão, disfarce ou dissimulação.
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Ela, que escancarou as janelas do meu ser com manhãs ensolaradas. Seu sorriso é o amanhecer e o crepúsculo. Seus olhos dizem tudo. Suas sardas são a soma da beleza com a timidez. Sua ausência é surda. Sua presença é gritante. Amá-la é perder a cabeça na guilhotina, é entregar os pés à espuma, é permitir a cintura subir como um chafariz, é não ter ossos nas pernas.
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O riso que me derrete.
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Ela é mais que um domingo. Não me importo de esperar sua TPM, de esperar no saguão do cinema segurando dois copos de refrigerante e um balde de pipoca enquanto vai ao banheiro. Não me importo quando roubas a minha coberta e se apodera de 75% do espaço da cama. Não me importo quando roubas o meu travesseiro para colocá-las entre as pernas. O tesouro e o preço que tenho de pagar, a canção que canta o verão e o arrepio que traz o outono; a fome e a ceia.

Olhos reservados e orgulhosos.

Viviane. Minha doce Viviane.