Eu escrevo e te conto o que eu vi

Um blog sobre tudo e sobre nada.

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Capítulo 2: "Além do que se vê"

Tudo foi ficando para trás.
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A paisagem, o asfalto, a moça dos cabelos castanhos, a música no rádio, a luz do dia. E eu ali pensando como que cacetes aquela mulher apareceu ali, do nada. Eu reclamando de ter enfiado meu estimado par de tênis no lamaçal. Ela aparece. Eu me apavoro com a situação de tê-la por perto e vou embora.
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Seria uma metáfora? O pé na lama, alguém de rosto angelical que surge do nada e lhe dá o impulso de sair daquela situação... Ou seria mesmo paranóia? Pelo sim, pelo não, fico com a paranóia. Afinal, o que pensariam de um cara que viaja sem rumo numa segunda-feira e pára num posto de combustíveis, olha as revistas numa loja de conveniência mequetrefe, compra uma lata de chá verde e um maço de cigarros?
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Claro que os caminhoneiros ali olharam torto. Claro que eu era um extraterrestre ali. Eu não tinha o uniforme do Clube Irmão Caminhoneiro Shell. Não vestia camisa regata branca suja, não ostento nenhuma pança proeminente (ao menos, não ao nível de um piloto de boléia) e nenhum cavanhaque grisalho nojento. Muito menos a afeição por prostitutas de procedência duvidosa e aparência indiscutivelmente de péssimo gosto.
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O cigarro aceso na boca não denunciaria que eu jamais punha um na boca a vida toda. Mas o maço de Carlton azul e a lata de chá verde na mão esquerda me denunciaram como um óbvio zé mané. Mas eles não sabem de nada. Nada mais sou, para eles, do que um zé mané viajando por um motivo qualquer. Negócios? Famíla? Uma amante? Férias? O que algúem faria de férias num lugar daqueles? Que me julguem pela imagem. Na verdade, quero mais é que fodam-se todos com suas marmitas, arrebites e camisinhas vencidas.
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Paro de pensar nisso, apresso o passo e entro logo no carro. Procuro um CD qualquer e coloco no som sem mesmo olhar qual. Fastball. Um CD comprado por causa de uma mísera música. Muito boa, que destoa do resto da obra. Mas sem rumo, dirigindo sozinho, com um pouco de vento na cara, fumando um Carlton Light e tomando chá verde, quem haveria de me julgar?
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Os caminhoneiros ficaram para trás e eu nunca havia ouvido todo aquele CD. Assim eu não me distrairia cantando junto músicas que sei de cor e ficava pensando na vida. Ou no que eu veria pela frente.
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Um gole do chá, um trago, um assopro. A fumaça, ali, representa toda a dor, a raiva, a vontade de sumir que é temporariamente saciada. Todo aquele alcatrão jogado fora de meus pulmões pareciam materializar-se. Aquele espectro cinza mostra exatamente minha visão de futuro: uma nuvem. O que vem depois disso?
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Os pneus continuam engolindo as faixas na pista. Só vejo o que sinto na hora. E continuo pelo asfalto, acelerando.
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O pé direito vai pesando, começo a ter pressa.
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Afinal, a estrada vai além do que se vê.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Na saúde e na doença

SÃO PAULO (Casal Podridão) - Janeiro negro para este pobre, magro e mequetrefe escriba. E, por que não, também para sua esposa. Justo este ano, em que mais pedi para Papai do Céu para dar saúde a mim e a patroa, começo o ano podrão.
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Começou com a mulher quase tendo uma paralisia facial. Aí, corre pro hospital. Aquele cenário de guerra: um cara vomitando na escada, uma mulher tendo colapso nervoso, outro cara gritando de dor com a perna quebrada, uma garota fazendo uns barulhos estranhos (e extremamente irritantes - deveriam usá-la como instrumento de tortura militar).
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Raio-x, inalação, remedinho na veia, receita e tchau.
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Semana seguinte, eu, podre. Febre, vômito. Dengue? Não. Uma quase-pneumonia. Sinusite atacada no último. Corre pro hospital. Lotado. São Paulo garoando. Eu com um carro sujo de dar nojo e sem direção hidráulica. Fraco, manobrando dentro do subsolo do prédio. Uma alegria só. Ainda tendo de pagar 6 pilas no estacionamento do nosocômio.
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Raio-x, inalação, remedinho na veia, receita e tchau.
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Tchau? Rá! Engana-te, mecenas!
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E a febre? Três remédios diferentes. Passava? Claro que passava! Por dez minutos. Logo logo estava eu lá, tremendo debaixo do cobertor. E ainda quebrei um termômetro.
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Depois que tudo melhorou, me estoura uma afta. Na garganta.
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Definitivamente, espero que janeiro termine logo.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

Capítulo 1: "Sem volta"

Viajo por uma estrada repleta de árvores, e elas me fazem pensar que estou em um túnel.
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O vento inexiste, ar parado, seco, que bate na face no momento em que coloco a cabeça para fora da janela e contemplo os raios de luz que arriscam e conseguem encontrar frestas pelas copas das árvores.
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Mantenho a velocidade constante, nenhum outro carro me acompanha, estou sozinho e essa sensação me dá a paz que preciso. Abro os dois vidros e deixo a brisa quente entrar; a estrada a minha frente continua tortuosa, os enormes arbustos agora rareando dão a sensação de estar em outro planeta.
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Sigo contemplando a natureza, a beleza do silêncio, o sentimento de vazio que assola. É um dia muito claro. Paro sobre uma ponte, um enorme volume de água passando sobre os pés. Enfim avisto uma cachoeira. Deixo o carro estacionado ali mesmo, no acostamento. Procuro uma trilha que leve para perto da água.
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É uma segunda-feira, lembranças da fuga da civilização, dos problemas me arrebatem como fantasmas. “Deveria estar trabalhando”. “Ora, que se foda esse trabalho, agora você tem a liberdade”.Minha consciência briga; a razão tentando vencer a paixão. É uma luta desleal.
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Cinco minutos depois encontro um declive, e com ele uma trilha que avança mata adentro. Olho para os lados procurando alguém, mas o mundo me parece desolado. Nem um sinal de vida, nenhuma buzina. Começo a caminhar, uma descida íngreme que enche os tênis novos de terra. “Merda, 200 reais jogados no barro”.
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Faço força para não me importar, para ser diferente de antes. Muitos metros depois chego à margem do rio. Olho para direita e vejo a ponte, o carro imóvel como uma estátua de pedra negra. Avisto a cachoeira, o barulho da água batendo na pedra. Sozinho, do jeito que escolhi.
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No passado ficaram família, amigos, um noivado pouco estável, casa, comida, roupa lavada pela mamãe.Caminho beirando a margem, molhando o tênis na água e tentando lembrar qual o objetivo disso tudo, qual a motivação. Lembro que sou curioso, mas alguma coisa me atrai para aquele lugar.O som fica mais forte, estou próximo da queda.
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Muita água vem descendo, transparente, gélida, colossal. O lago formado a frente impressiona, o clima de mistério confunde os pensamentos.Então a vejo, tal qual uma miragem saindo das pedras. Os longos cabelos castanhos brilhando a luz do sol, o rosto simetricamente perfeito, o corpo esguio coberto por uma túnica azul, que atrai e demonstra a força que a beleza pode ter em alguns momentos.
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A princípio resisto, os olhares se cruzam, ela se aproxima. Parados frente a frente sinto sua respiração, calma, tranqüila, quase angelical. Um toque das mãos. Sinto um arrepio percorrendo a espinha...As lembranças ruins se foram para nunca mais voltar. Não era preciso palavra alguma, não era necessário entender.
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Eu sabia o que tinha encontrado, sabia que deveria me entregar, mas não... Num impulso fujo para fora dali o mais rápido possível, tentando de todas as formas esquecer o inebriante perfume.
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Corro. Corro sem olhar, sem pensar. Novamente dentro do carro, o coração descompassado, me vem à mente: “E se...” Nunca consegui descobrir o que realmente aconteceu, nunca mais voltei para casa, nunca mais fui o mesmo. No rádio uma balada envolve e anima.
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Sem destino, eu e a estrada, tudo ficou para trás...

Novelinha

SÃO PAULO (sem moda indiana, pelo amor de Deus) - Há mais de um ano, eu e meu amigo Ganso, começamos a escrever uma historinha no blog dele, o Diante da Chance (www.diantedachance.blogspot.com). Começou como brincadeira - ainda hoje é - mas acontece que começamos a ter uns loucos pedindo atualizações e novos capítulos!
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A periodicidade às vezes é meio longa, mas como a história já tem mais de um ano, vou dar um jeito aqui de também ir postando neste modesto e mequetrefe blog. Uma por semana.
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O personagem principal é um fotógrafo chamado Eduardo, um rapaz normal, mas meio louco, aventureiro. Um cara que faz acontecer. É um pouco do reflexo da juventude que eu e Ganso tivemos na solteirice, problemas com amigos, com os pais, com as namoradas, as ex... E por aí vai. Claro, a maioria dos fatos é ficção pura. Porque a gente gosta mesmo é de inventar. E viajar.
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A história toda começou com o Ganso escrevendo, e aí fui dar umas sugestões, acabei escrevendo um capítulo, aí fomos nos revezando, e deu no que deu. Quem sabe um dia isso não vira um livro?
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Bom, duvido. A quantidade de palavrões que tem nesse negócio o faria parar nas prateleiras de "adultos". De qualquer forma, vamos ver se o pessoal que visita aqui (tem alguém aí?) vai gostar.
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Enfim, trata-se de um cara apaixonado por viagens. E vodca.
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Have a nice flight!

terça-feira, janeiro 13, 2009

O toca-fitas

SÃO PAULO (era Tojo?) - História antiga, que ouvi hoje de um colega. Segue o que ele contou, com todos os detalhes tórridos. Para o bem de todos - e meu, principalmente - as identidades foram ocultadas e os nomes, alterados.
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"Um colega meu, do meu antigo trabalho, adorava aprontar com os outros. Ela era meio comedor, e tal, e apesar de ser casado, ele dava lá suas escapadinhas. Uma bela noite, ia ele ao motel com uma moça quando viu o carro de um amigo estacionado no local. Ele pensou 'rá, vou sacanear esse cara'. Ele imaginava que o cidadão estava lá com a esposa, ou na mesma situação que ele, com uma mulher qualquer".
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"Então ele entrou no carro do amigo, que não estava trancado, e retirou o toca-fitas. A idéia era sacaneá-lo e entregar o tape no dia seguinte, já no escritório".
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"O dia seguinte chegou e ele, com o toca-fitas na mochila, não disse nada. Ele encontrou o amigo, ambos se sentaram e ele perguntou ao amigo: 'E aí, como tá?'. E o cara: 'Ah, indo. Foda. Ontem minha mulher saiu com o meu carro e roubaram o toca-fitas'.
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"O cara ficou quieto. E o amigo nunca mais viu o som do carro".

quarta-feira, janeiro 07, 2009

Você

SÃO PAULO (a cada ano mais bonita) - Não vou dizer isso só porque hoje é o seu aniversário. Eu deveria te dizer isso todos os dias, mas sabe como é. Mas não é porque eu não digo, que eu não sinto. Porque eu sinto, sim.
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Que todo dia acordar e olhar pra você do meu lado é saber que vou ter essa imagem todo amanhecer a minha vida toda, me traz segurança; que te ver toda perdida quando se levanta me traz um pouco de humor às minhas manhãs.
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Quando eu digo, todo dia e sempre, a cada troca de roupas, que você está linda, não é porque estou com pressa ou sem paciência; simplesmente é porque você está realmente linda. Porque ninguém na face desta terra que me faria tão feliz e, ao mesmo tempo, tão pé no chão.
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Porque tem que ser você, e isso é muito fácil de entender.
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Porque o que mais me realiza não é ver você se esforçando para me agradar; é eu me esforçar e te fazer realizada.
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Por estas e outras, você é minha. Só minha.
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E eu te amo.
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Feliz aniversário, princesa.