SÃO PAULO (dói) - Desde quarta-feira passada. Uma dorzinha incomodava o lado esquerdo da garganta. Uma afta, pensava eu, já que infecção mesmo eu não tinha havia uns cinco anos. Beleza. Só uma afta. Quatro dias e sara.
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Sara, sim. Espera pra ver...
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Sexta-feira. Viviane, a noiva farmacêutica, tira o termômetro do jaleco e resolve checar a quantas ferve o noivo. "37. Não é febre, mas é estado febril". E a dor piorando. Sábado pela manhã resolvemos ir no médico.
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A 'dotôra' botou o palitinho na minha garganta - quase vomitei nela - e sentenciou: "Não é afta não. Você tá é com uma bela bolota de pus aí, meu filho", e deu um tratamento bem água com açúcar pro meu gosto. Remedinhos por sete dias. Vá pra puta que pariu! Essa merda tá doendo desde quarta-feira!
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Tudo bem que o efeito não é imediato, mas pelo menos não é pra dor aumentar. Pois é. Aumentou. E muito. Acordei num belo mau humor dominical chuvoso. E voltamos pro hospital. Outro médico. Parecia o Kid Vinil. Ele olhou e já fui pedindo:
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- É o seguinte: desde quarta a garganta dói. Eu pensava que fosse afta, mas vim aqui ontem e a outra médica viu que não era. Mas passou um tratamento muito fraquinho pro meu gosto. E a dor tá piorando. Então, 'dotô', não tem como o senhor me dar um tratamento de choque não? Umas injeções, um negocinho mais punk? Porque amanhã eu tenho que trabalhar!
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Ele alisou o bigode e pude ler o que se passava na cabeça do Dr. Kid Vinil: "Tá com dorzinha, é? Quer tratamentinho de choque? O senhor é um fanfarrão, senhor 901 [era a minha senha]! Então o senhor vai ter seu tratamento de choque". Dava até pra ver um certo sorriso sacana brotando no canto esquerdo de sua boca, logo abaixo do bigode grisalho.
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- Fim do corredor à direita. Uma na veia e outra no músculo.
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Ui. Doeu, mas parece que tirou a da garganta com a mão. No dia seguinte, mais uma injeção, desta vez aplicada por Viviane, a não-tão-Doce-quando-com-uma-seringa-na-mão. E aqui continuo, à base de própolis, cataflan e amoxicilina.
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Inferno.