Eu escrevo e te conto o que eu vi

Um blog sobre tudo e sobre nada.

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Local: São Paulo, SP, Brazil

Um gajo deveras apaixonado pelo que faz. Jornalista, magro, pobre e feio. Tio da Carolina e da Gabriela, marido da Viviane. Repórter de esportes e motor, sãopaulino consciente, assessor de imprensa, fanático por automobilismo e esportes de aventura, e também freelancer, porque ninguém é de ferro.

sexta-feira, junho 30, 2006

NÃO TEM PREÇO

No tiene precio.
Rá!

Chora Argentina, chora

E a Alemanha toda canta: Don't cry for me, Argentina...
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Tudo bem que estudei lá, fiz alguns amigos, coisa e tal. Mas sabe mesmo o que eu achei?
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Achei foi POUCO!
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Rá!

quinta-feira, junho 29, 2006

Elas que se peguem!

AMERICANA (não sei pra quê DVD no carro) - As mulheres da nova geração do "Saia Justa", do canal GNT (ou é Multishow?) mal começaram os trampos e já estão quase se pegando. São quatro gurias num estúdio. Elas têm as mesmas opiniões, sobre os mesmos assuntos e, mesmo assim, em duas semanas estão a trocar farpas. Enquanto isso, os tiozinhos dos programas de mesa redonda de futebol são os mesmos que dividem o estúdio em perfeita harmonia há 20 anos.
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E torcem por times diferentes.

Agora é guerra!

AMERICANA (what'a fuck!) - Na minha casa nunca houve esse negócio de rivalidade entre irmãos. Só tenho um, quatro anos mais velho. Fez muita merda na vida, o que dirigiu o super-protecionismo dos meus pais diretamente a mim, que nada tinha a ver com o peixe. Meu relacionamento com o bro é ótimo, ainda mais depois que ele se casou. E me deu a sobrinha mais linda que alguém deseja ter um dia.
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O cabeçudo ainda tem umas idéias meio fracas: tipo colocar DVD no carro. Pra quê? Além de ser contra a lei, o motorista não vai ver nada. É pura idiotice. Só não tenho um tape toca-fitas no meu carro porque não tenho saco de ficar gravando, por isso é um Cdzinho meia-boca mesmo. E bem velhinho. Mas o mané quer porque quer colocar DVD na caranga.
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Dia 18 é aniversário dele. Sempre dei presentes bons e ganhei outros medíocres. Comecei a melhorar no presente, como que um recado, "mané, vê se capricha em novembro, senão não vou te dar porra nenhuma". Melhorou, admito.
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No meu aniversário, sempre compro roupas ou um perfume. Minha mãe me dá alguma coisinha: roupas ou perfume, ou um par de tênis. O que está de ótimo tamanho. Ano passado ela perguntou o que eu queria. De bate-pronto, respondi que queria um Playstation.
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Ela quase me matou. Desandou aos gritos, que onde já se viu, que eu não era mais moleque de querer videogame, que ia ficar de madrugada jogando e ia atrapalhar meu sono, que meus neurônios iam fritar, que eu ia virar um junkie viciado, drogado, que ninguém ia querer namorar comigo, que ia atrapalhar meu desempenho no trabalho, que eu seria uma escória da humanidade e qualquer outro tipo de lixo humano deplorável. Em suma, quase me esganou.
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Eis que hoje recebo a ligação do meu irmão.
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- O pai vai me dar o DVD.
- U2 ao vivo?
- Não, o aparelho de por no carro.
- Quê?
- É, de aniversário.
- Tu, tu, tu, tu, tu...
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Macacos me mordam! O cara vai ganhar um DVD de por no carro! Que inutilidade! E vai ganhar do meu pai! Faz três, repito, TRÊS anos que não ganho nada de aniversário do meu pai!!! Quando pedi um playstation, quase me lincharam em casa, quase me cozinharam vivo, quase me arrancaram a pele!!! E eu pensando em dar um autorama importado pro cara...
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Chega. Está declarada a guerra. Let the war begin.

terça-feira, junho 27, 2006

Não bati, não fui roubado

Amanhã vence o seguro do meu carro. A brincadeira? R$ 2,5 mil... Em quatro parcelinhas de 630, pra pagar sem juros... O crime não compensa. De que adianta ser solteiro, ter menos de 25 anos, morar com os pais, ter um carrinho mais ou menos bom, e ter que pagar essa facada?

Não basta ser zuado por ter 24 anos (o número do veado no jogo do bicho). Tem que pagar mais caro no seguro.

sexta-feira, junho 23, 2006

Dia Mundial do Fusca

AMERICANA (meu avô teve um por vários anos) - Ontem, dia 22, foi celebrado o Dia Mundial do Fusca. Carrinho simpático, que tive o prazer de dirigir umas vezes. Um amigo meu tinha um, o Daniel. E como era o mais velho da turma, era o único com carteira de motorista. E levava a gente pra tudo quanto é lado. O Fusquinha era massa. Nunca tive, nunca terei. Mas simpatizo com o carro e com quem o tem. Então, como homenagem, coloco aqui a carinha do bicho.


(O\./O)
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Rá!

quinta-feira, junho 22, 2006

Notícia boa!

Porque não é todos os dias que você recebe uma:

Cerveja pode combater o câncer de próstata
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Um estudo realizado nos EUA pode soar bem para muitos homens. Há indícios de que um ingrediente encontrado na cerveja ajude a prevenir o câncer de próstata. O problema é que, para aproveitar os benefícios da descoberta, é necessário beber 17 cervejas por dia.
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Pesquisadores da Universidade do Oregon disseram que o composto xanthohumolm, encontrado no lúpulo, inibe uma proteína que age nas células da superfície da próstata. Essa proteína pode causar vários tipos de câncer, incluindo o de próstata.
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O chefe da Coalizão Nacional contra o Câncer de Próstata, Dr. Richard N. Atkins, disse que os experimentos são encorajadores e "talvez os homens possam tomar pílulas com o composto em breve". Atkins alertou que 17 cervejas por dia podem levar ao alcoolismo e à cirrose.
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A prevenção começa hoje, no jogo do Brasil. Rá!

quarta-feira, junho 21, 2006

com os amigos
No bar, 1 a 0 é goleada

C L E B E R B E R N U C I
cleber@liberal.com.br


de A M E R I C A N A

Ver um jogo de futebol em um bar já é motivo suficiente. Seja rodeado por amigos, ou com a namorada ou a esposa, companhias regadas com cerveja. Claro que com alguns petiscos. Quatro dias após sua inauguração, o Villa Scamboo, na Avenida Paulista, em Americana, já virou ponto de encontro de quem veste a amarelinha. Lotado, o bar contou até com a equipe de esportes da rádio VOCÊ (AM 580), que transmitiu o programa “Você no Esporte” diretamente do local, conferindo mais um atrativo à festança da torcida. O resultado, ali, foi o que menos importou.

Com um telão e vários aparelhos de TV espalhados pelas dependências, a primeira promessa que o torcedor recebia ao entrar era que, a cada gol do Brasil, uma rodada de caipirinha seria servida. “Na faixa”. Ao final da execução do Hino Nacional, ovação à esquadra que vestia camisa amarela e bermuda azul. A caipirinha demorou 44 minutos para sair. E quem deu a ordem foi Kaká, no belo chute de esquerda, de fora da área.

Durante o resto do jogo, bons momentos no ataque e muito barulho no bar: buzinas e trompetes de todos os lados faziam a farra da torcida. O placar foi magro, mas o importante foi a vitória, diziam todos. E no bar, 1 a 0 é goleada. Só que a Seleção poderia ter contribuído melhor. Com mais caipirinhas.
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*Matéria publicada no jornal O LIBERAL, de Americana, no dia 14 de junho de 2006.

terça-feira, junho 20, 2006

Ui!






AMERICANA (por isso eu gosto de carros) - Pancadaço coletivo na MotoGP em Barcelona, domingo passado. Sempre gostei mais de carros (porque também já quebrei uma costela num tombo besta com uma motinha de 100 cilindradas), só que o legal em ver corrida de moto é que neguinho se estrupia mesmo. Tem gente que gosta de ver corrida pra ver acidente. Com corrida de carro não sou assim não. Mas nas motos eu sou sádico. Gosto de ver o circo pegar fogo.
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Correr de moto é um troço meio insano. Essa deve ter doído à beça.
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Sou mais os carros. Sobre quatro rodas, ninguém cai.
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quarta-feira, junho 14, 2006

Papo cabeça

AMERICANA/PORTO ALEGRE (RS) (sem mais lamuriações) - Papo cabeça entre Vivi e eu, via MSN, burlando regras do trabalho e unindo dois nascidos em 6 de novembro de 1981, encurtando uma distância de sei lá, uns dois mil quilômetros.

- E aí, tudo bem?
- Ah, tô cansada hoje. E você, trabalhando?
- Sempre workando. Eu só worko. Quero férias. Preciso de férias. Quero ir pra POA, cacete!
- Calma, falta um mês.
- Você falou em cansaço, eu também tô meio molengão. Comecei hoje a tomar meus anti-inflamatórios.
- Ah é? E tá ajudando?
- Tá é atrapalhando! Não posso beber nada alcoólico por 10 dias!
- Hahahahahaha!

Foda viu. Saudade de Porto Alegre. Parece que 6 de novembro vai chegar mais rápido que o 16 de julho. Tá loco, viu!

segunda-feira, junho 12, 2006

Serve pra isso

AMERICANA (não sei a autoria, não fui eu) - Uma relação tem que servir para tornar a vida dos dois mais fácil. Vou dar continuidade a esta afirmação porque o assunto é bom, e merece ser desenvolvido. Algumas pessoas mantêm relações para se sentirem integradas na sociedade, para provarem a si mesmas que são capazes de ser amadas, para evitar a solidão, por dinheiro ou por preguiça.
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Todos fadados à frustração. Uma armadilha. Uma relação tem que servir para você se sentir 100% à vontade com outra pessoa, à vontade para concordar com ela e discordar dela, para ter sexo sem não-me-toques ou para cair no sono logo após o jantar, pregado. Uma relação tem que servir para você ter com quem ir ao cinema de mãos dadas, para ter alguém que instale o som novo, enquanto você prepara uma omelete, para ter alguém com quem viajar para um país distante, para ter alguém com quem ficar em silêncio, sem que nenhum dos dois se incomode com isso.
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Uma relação tem que servir para, às vezes, estimular você a se produzir, e, quase sempre, estimular você a ser do jeito que é, de cara lavada: uma pessoa bonita a seu modo. Uma relação tem que servir para um e outro se sentirem amparados nas suas inquietações, para ensinar a confiar, a respeitar as diferenças que há entre as pessoas, e deve servir para fazer os dois se divertirem demais, mesmo em casa, principalmente em casa.
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Uma relação tem que servir para cobrir as despesas um do outro num momento de aperto, e cobrir as dores um do outro num momento de melancolia, e cobrirem o corpo um do outro, quando o cobertor cair. Uma relação tem que servir para um acompanhar o outro no médico, para um perdoar as fraquezas do outro, para um abrir a garrafa de vinho e para o outro abrir o jogo, e para os dois abrirem-se para o mundo, cientes de que o mundo não se resume aos dois.

quinta-feira, junho 08, 2006

Tua fotografia

AMERICANA (...) - Recebi a tua foto. Que coisa, não? É um algo espetacular. Fico olhando aqui, toda hora. É masoquismo puro, confesso. Um negócio que me traz tanto encantamento e tanto sofrimento. Que me puxa pro fundo, é como o encanto e a maldição da sereia e da medusa. Que me dá suspiros de amor e calafrios de desespero ao mesmo tempo. E enquanto eu suspiro, eu choro, escondo o rosto, escondo a mim.

Eu achava que não era possível ter esse turbilhão de sensações tão distintas de uma só vez. Mas você me faz. Você desperta o impossível dentro de mim. Só você. Por isso eu acredito. Eu queria que tudo não passasse de um sonho. Mas dói. Eu poderia ter sido mais, poderia ter sido melhor. Mas sigo calado, do lado de cá.

Só levo a saudade, porque é tudo que vale a pena.

quinta-feira, junho 01, 2006

Por enquanto - II

AMERICANA (será mesmo?) - Como a maioria sabe, namorei por oito longos (e ótimos) anos. Dos 14 aos 22. E é aí que a negada se espanta comigo. E sempre ouço: "você perdeu a melhor época, de zuar, sair com os amigos, de beijar as menininhas". Não sabe nada quem diz isso.
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Pra começo de conversa, não perdi tempo nenhum. Pelo contrário, eu ganhei. Cresci com uma pessoa maravilhosa do meu lado, que me fez homem. Que posou do meu lado nas fotos de formatura da oitava série, do terceiro colegial e até da faculdade. Aprendi muito, aprendi e desaprendi a amar (porque ninguém sabe). Virei gente.
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Não deu certo. Paciência. Tem gente que, depois de 25, 30 anos de casada, se separa. Assim é a vida. Mas eu não perdi tempo algum. Eu ganhei vida nesses oito anos. Ganhei paciência, ganhei coragem, perdi a timidez e passei a me comunicar. Perdi o medo de me expressar. E o que era pra ser a minha adolescência, foi uma vida adulta. E agora, o que era pra ser uma vida adulta, é uma vida adolescente, de paixões frívolas, efêmeras, algumas duradouras, outras que serviram para firmar amizades incríveis.
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Claro que adolescência aos 14 é uma coisa, e aos 24 é outra completamente distinta. Aproveito a vida, viajo, saio, bebo. A diferença é que gasto (e controlo) o meu próprio dinheiro, eu tenho um carro e sou habilitado para isso. Não tem que pedir pro pai buscar na balada, não tem que pedir pro pai dar dinheiro (faz tempo que não sei o que é isso). São coisas que a vida adulta te traz. Independência, maturidade. Solidão? Também, às vezes.
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Entretanto, acredito piamente que há fases da vida em que é imperativo ser feliz sozinho. Até porque condicionar a felicidade a estar acompanhado prenuncia um céu tempestuoso para os solteiros. Ser ou não ser? Ser solteiro é uma condição contemporânea.
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Contudo, não é porque estou sozinho que estou solitário. Ainda estou colocando muita coisa no lugar, testando a consciência cada vez que descanso o lombo no colchão e boto a cabeça no travesseiro. A gente adquire outro olhar das coisas e das pessoas. A gente vê mais profundamente, entende melhor as pessoas, as razões, e julga menos. Às vezes escapa, porque é da nossa personalidade, da nossa natureza, seja você escorpiano ou não. Mas se a gente julga, não é por mal, é para que a pessoa em questão te esclareça tudo, e também para que reveja suas atitudes não pelo que elas são, mas pelo que elas representaram.
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E quanto você chega a um lugar e está todo mundo acompanhado, você é reprovado por aquele olhar de "ainda não?". Ainda não casou? Ainda não arrumou namorada? Já fiquei bem apavorado por causa disso, de ser estigmatizado. Agora não. Andamos mais senhores dos nossos silêncios, dos nossos pensamentos, das nossas panelas, dos nossos cafés, das voltas sozinho de carro ouvindo música e indo a lugar nenhum, do lanche sozinho no shopping. E não é ruim. Estar sozinho não significa sentir-se só.
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Te olham como se amadurecer fosse estar em uma relação estável. Nem sempre, nem sempre.
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Mas amar é otimo, sim, claro. Quem não quer? Eu quero. Segurar a mão suada no verão, a mão gelada no inverno, uma viagem surpresa, um restaurante longe do seu ciruito normal, em outra cidade, quem sabe, um fim de semana a sós em uma cidadezinha pacata e bontinha, beijar a testa num momento de ternura, ajeitar o cabelo que cai na testa, trocar olhares cúmplices, dar risada, ser bom amigo, ser fiel, ser compreensivo, ser honesto e sincero, segurar a raiva, o ciúme, e acima de tudo, respeitar.
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E enquanto eu não tiver vontade de fazer isso tudo com alguém, prefiro ficar sozinho. Porque estar acompanhado e sentir-se sozinho, aí sim, é péssimo.
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Ah, as ruivas...

AMERICANA (e quem não tem taras?) - O blog de Fabrício Carpinejar nos presenteia com mais um grande texto. O que realça ainda mais a atração que eu tenho pelas mulheres com cabelos avermelhados. É. Poucos sabem, mas é das ruivas que eu gosto mais. Alguém aí lembra da Grampola, da novela? Então, sem mais delongas, abaixo, o texto do cara.
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Eu tenho uma inclinação por sardas e cabelos ruivos. Mulheres com sardas costumam não gostar, é curioso.
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Quando criança, uma amiga colava fita crepe no rosto e puxava acreditando que as sardas sairiam junto. Ela não respeitava as sardas, confundia com espinhas. Ficava furiosa com Deus, que pintou seu corpo sem permissão. Coloriu seus braços enquanto dormia no ventre. Abominava a idéia de ser diferente, tantos sinais de nascença como o número de estrelas. Sofria com brincadeiras alusivas à ferrugem.
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Tanto que não usava dedos ou palitos de fósforo para aprender a contar na escola, mas as sardas. Enchia a tez de cremes da mãe para sarar daquilo que era uma virtude. Agredia as pintas como uma catapora, uma doença, uma tristeza de guitarra. Encabulada com os apelidos que poderia receber. Se um menino a observava com admiração, já tomava como crítica e virava o pescoço para não se machucar. Fugia de si, como se o véu fosse a própria face. Era uma muçulmana de sua timidez.
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Enquanto ela queria tirar as sardas, desejava tê-las. A pele enxerga melhor com sardas. São os óculos naturais da pele. Fogo que levemente doura. Brasa singela que acomete as árvores e o crepúsculo no outono. Pão casado com a madeira.
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As sardas são uma procissão da boca. Não retiram beleza, mas acentuam. Fazem qualquer rosto voar como os cabelos, subir como um vestido. Não deixam nenhum rosto brincar sozinho. São marcas de lábios das folhas. Uma chuva de folhas. O cheiro de alfazema das folhas.
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O ouvido torna-se mais próximo das sobrancelhas, mais próximo do nariz, mais próximo do queixo. É possível acompanhar toda a vizinhança dos telhados. As sardas são balas de goma, o açúcar das balas de goma. Elas fazem o corpo rir mesmo quando está indisposto. Uma mulher com sardas tem jeito de praça na lomba. Eu só subia a lomba da rua porque tinha uma praça no meio do caminho para brincar e recuperar o fôlego. A praça sempre foi a véspera de minha casa. As sardas são a véspera do sol.
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Um rosto com sardas, pode reparar, é bem iluminado. Não pela luz que entra, pela luz que já estava lá.
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Né não?